Entre
um mar de grãos, viajavam sobre camelos. Caminhos extensos, água rara e amor
pela vida. Os Bedouin viviam e aprendiam pela natureza. Acampavam, comiam,
conversavam, riam. Com a sua família, amavam-se e não se sentiam sozinhos, por
terem a companhia do sol e das outras estrelas. Guiavam-se por eles: horários
medidos pela posição dos astros.
Mistura de laranja, vermelho e
areia. Um espetáculo de visões. Luzes em posições diferentes faziam a paisagem
ora uma, ora outra. E ao entardecer, acendiam fogueiras para cozinharem. Mas
quando surgia um pretexto para festejar, dançavam e cantavam em sua língua ao redor do fogo.
Aquela cultura viva no meio de um nada tudo. Toneladas de belezas avulsas ao
outro mundo que as temiam. Fúria de um calor intenso dominada por nômades raros
em um século XXI.
“Não existe lugar como o nosso lar”
A casa deles se estendia para além
dos outros e da compreensão do humano. Transcendental ao estilo de vida urbano.
Não se fixam, mas tampouco se desapegam de valores. São unidos e vão em
busca de um viver diferente e comum a eles. São pessoas raras.
Roupas leves que cobrem da cabeça
aos pés. As mulheres atuam como verdadeiros mantos vivos coloridos, panos que se movem
na presença de um vento intenso. Andam em dança, por conta da brisa que chega e
ameaça levá-las. Não se vão. Vivem e cuidam dos filhos pequenos que brincam de
formas improvisadas. Eles sabem inventar e se adaptam ao deserto. A escola deles é
esse mundo de fogo.
Ser Bedouin é amar a um mar de areia
e se unir a ele. Sabem tirar da região a água que precisam, por entendê-la. O
deserto também os entende.
Argélia: Ser Bedouin