domingo, 15 de setembro de 2013

Argélia: Ser Bedouin


           Entre um mar de grãos, viajavam sobre camelos. Caminhos extensos, água rara e amor pela vida. Os Bedouin viviam e aprendiam pela natureza. Acampavam, comiam, conversavam, riam. Com a sua família, amavam-se e não se sentiam sozinhos, por terem a companhia do sol e das outras estrelas. Guiavam-se por eles: horários medidos pela posição dos astros.  
       Mistura de laranja, vermelho e areia. Um espetáculo de visões. Luzes em posições diferentes faziam a paisagem ora uma, ora outra. E ao entardecer, acendiam fogueiras para cozinharem. Mas quando surgia um pretexto para festejar, dançavam e cantavam em sua língua ao redor do fogo. Aquela cultura viva no meio de um nada tudo. Toneladas de belezas avulsas ao outro mundo que as temiam. Fúria de um calor intenso dominada por nômades raros em um século XXI.
            “Não existe lugar como o nosso lar”
      A casa deles se estendia para além dos outros e da compreensão do humano. Transcendental ao estilo de vida urbano. Não se fixam, mas tampouco se desapegam de valores. São unidos e vão em busca de um viver diferente e comum a eles. São pessoas raras.
            Roupas leves que cobrem da cabeça aos pés. As mulheres atuam como verdadeiros mantos vivos coloridos, panos que se movem na presença de um vento intenso. Andam em dança, por conta da brisa que chega e ameaça levá-las. Não se vão. Vivem e cuidam dos filhos pequenos que brincam de formas improvisadas. Eles sabem inventar e se adaptam ao deserto. A escola deles é esse mundo de fogo.

            Ser Bedouin é amar a um mar de areia e se unir a ele. Sabem tirar da região a água que precisam, por entendê-la. O deserto também os entende.

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