tag:blogger.com,1999:blog-85600215871135804002024-03-13T20:17:57.375-07:00Letras distantesUm conto para cada país do mundo.Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.comBlogger10125tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-34261692688095062502013-10-16T17:33:00.001-07:002013-10-17T05:44:44.338-07:00Áustria: O centro do mundo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.pimentelonline.com/Portals/0/austria%20-%20bandeira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://www.pimentelonline.com/Portals/0/austria%20-%20bandeira.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.399999618530273px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.399999618530273px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.399999618530273px;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.399999618530273px;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Diz
a lenda que enquanto o último maestro de Salzburgo permanecer vivo e guiando a
sua orquestra, haverá paz no mundo. Vez ou outra, os músicos tiram o dia para
descansar, com tantos calos nos dedos, e é nesse momento que o terror se assola
por todos os cantos: conflitos, guerra e fúria. São raros os tempos em que
tiram férias, mas esses são suficientes para fazer todos temerem, tamanha é a
mudança que ocorre. O caos se instala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Por ser a terra de Mozart, o seu
primeiro movimento de Eine Kleine Nachtmusik parece reger todo o ambiente, aquele
centro histórico dotado de torres e lagos sem iguais. Todos os cidadãos
invariavelmente andam ao mesmo ritmo, inspirados e declaradamente amantes da
arte. Festivais por todos os lados. Música, música, música. Para que tantas
notas? <i>Nós temos que espalhar esse sonho
melódico para o mundo, pois somos o centro dele!<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Ora, não se sentem superiores por
estarem no coração da Europa. Apenas batem os pés, as mãos, o corpo inteiro.
Pulsam na vontade de fazer o mundo viver por meio da paz e ela só seria
alcançada com a arte. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> <i>Stalzburgo
é a capital da serenidade. </i>Alguém inventou de dizer, criando, assim, o
grande festival da cidade, logo após a Primeira Guerra Mundial. Ele revelaria o
que há de melhor do mundo, trazendo todos para um sentimento pacífico, essa
vontade de ficar dançando e dançando,... Mas os músicos descansaram alguns
minutinhos e: Estourou A Segunda Guerra. Corram, corram e arrumem a orquestra!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> E orquestravam, assim, o plano para
a mudança. Batiam no peito, austríacos, inspirados pelo tal de Mozart.
Homem importante, o grande profeta! Ele ensinou o poder de uma bela
canção. Você consegue se emocionar com a melodia? Todos se comovem! Somos
absolutamente apaixonados pelo soar das notas e pelo mover de dançarinos. <o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-65656200893634194802013-10-06T17:08:00.002-07:002013-10-06T17:22:54.948-07:00Austrália: Terra do sol<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.webbusca.com.br/atlas/bandeiras/Australia.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://www.webbusca.com.br/atlas/bandeiras/Australia.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> O sol venceu a chuva em uma batalha
de dia e noite e como acordo, imperaria no céu durante todos os dias do ano.
Com seus fortes raios, não dava lugar para as nuvens que, desorientadas,
resolveram mudar de lá para outro espaço. Vez em quando, elas acabavam voltando,
mas só durante o escuro. Porém, as estrelas as furavam com seus brilhinhos
pequeninos, prontas a enfrentar qualquer ameaça a seu esplendor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Sydney é uma cidade formada por
sonhos. Com luzes incríveis durante a noite, comprova a todos a magia de um
viver alegre. Ar que surge sussurrando esperança no ouvido, quente que acalenta
aos tantos australianos e imigrantes, trazendo a paz de fogo e água. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Com a vontade de imensidão, reserva
praias magnificas, mares que impressionam pela beleza da música, o ritmo
contemplado pelas ondas que vem e vão, levando surfistas em suas costas. Ah, e
como era bom transportá-los até a areia, aquela brancura de neve que se
diferencia pela eternidade dos grãos. Bem que poderiam se dissolver em água,
mas o mar já era grande demais e o contraste de azul e branco era muito bonito para se perder.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"> Austrália tenta
alcançar o sol e por isso salta. Sobe e desce, junto a cangurus diversos que
vão para além das terras, explorando territórios desconhecidos para tantos e
íntimos para eles. Na natureza de água, sol e verde, o país se alia ao vento,
levando um pouco da energia gritante que aquelas terras reservavam. Vontade de
deitar sobre a areia e se deixar massagear pelos raios de sol, enquanto o mar
vai e volta, mostrando a beleza de um paraíso sem fim.</span>Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-25838053689717121732013-09-29T18:12:00.001-07:002013-09-29T18:25:55.272-07:00Armênia: Hayk<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.mundodosvistos.com.br/bandeiras/bandeira-armenia.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://www.mundodosvistos.com.br/bandeiras/bandeira-armenia.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“Se me perguntassem qual local da Terra
é mais repleto de maravilhas, eu primeiramente diria: Armênia.” Rockwell Kent<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Acordou, de repente, em Zvartnots.
Não fazia ideia do nome do local ou o que representava, mas percebia que se
tratava de rochas amontoadas em um monumento. O céu estava azul e o sol lhe
tocava a face, mas não sentia calor. Poderia ficar ali durante horas, pelo
conforto que a arquitetura lhe oferecia. A natureza ao redor, pacífica, parecia
cantar hinos de silêncio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Tomou um susto, porém, quando uma
música repleta de tambores e violino começou a ser tocada, enquanto homens
equipados com espadas e roupas de prata surgiam de todos os lugares com uma
aparência séria. Posicionados em uma linha reta, dançavam jogando as pernas ora
para um lado, ora outro, enquanto mexiam os braços para frente e trás, todos
juntos. O tambor ditava o ritmo, mas os pés pareciam comandá-lo, tamanha era a
sincronia existente. Depois, juntaram-se em uma roda e começaram a girar e a
girar, até que se paralisaram para assistir à luta de grandes guerreiros que
pareciam voar com pés no chão para lutar. Por fim, juntaram-se novamente para
dançar e, com o fim da música, congelaram-se. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O homem que estava mais ao centro disse ao anônimo que os
assistia: “Você está agora em uma viagem do tempo.” Mas o rapaz não entendeu
foi nada. Ficou mudo. Vinha de terras distantes e jamais ouvira falar da tal da
Armênia. Para ele, tudo aquilo poderia muito bem se tratar de um sonho. Se
pensasse que era realidade, provavelmente estaria checando o sinal do celular
e, logo após isso, entrando em desespero ao constatar que se encontrava anos
antes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Pois se viu girando e girando, até que foi de lá para o
Garni Temple, uma verdadeira obra de arte em forma de colunas. Depois, foi
transportado pelo vento para Matenadaran, a biblioteca mais linda que visitara.
E aí, antes que se desse conta, viu de pinturas rupestres, ao magnífico lago
Sevan, passando pelo monastério de Haghpat e pela igreja dos Zorats.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Quando acabou, surpreendeu-se ao perceber que dormia em
seu país de origem. Acordou tendo a lembrança realista do que vivera, mas ao
mesmo tempo se convencendo de que se tratara de um sonho. Por onde estava?
Perguntava-se. Seus guias jamais deram a resposta. Mas ele chamou esse lugar,
em seu coração, de Hayk. Também não sabia lá o porquê, mas achou o nome tão
bonito quanto todas aquelas maravilhas. <o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-75576252387404148652013-09-25T20:02:00.000-07:002013-09-25T20:05:46.944-07:00Argentina: O Gaúcho<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.geo5.net/wp-content/uploads/2011/06/Bandeira-Argentina-2000px.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="250" src="http://www.geo5.net/wp-content/uploads/2011/06/Bandeira-Argentina-2000px.png" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Do casamento de europeus, índios e africanos, nasce o
guardião da coragem. Equipado com um único cavalo, o seu maior bem, ele corre
por grandes distâncias, bravamente, pronto a lutar. Pois um desses solitários,
montado num animal negro, cansou-se das intermináveis andanças e resolveu
passar por um restaurante com uma boa carne. “Um churrasco, por favor, e
vinho!” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O garçom, meio desengonçado diante do dia movimentado, trouxe-lhe aquilo tudo meio que se desculpando pela falta de jeito e demora. O
cavaleiro, ao invés de lhe tranquilizar, dirigiu-lhe apenas um olhar de
impaciência, um ar de alguém que tinha visto muita desgraça naquelas milhas
percorridas. Herói de guerra, o homem estava marcado com as heranças da morte
dos que se desfizeram diante de seus olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“Senhor, teremos um espetáculo de dança nessa noite. Vim
avisá-lo para caso queira esperar.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O gaúcho tomou uma golada do bom vinho e afirmou que
ficaria sim, não tinha lá horas marcadas. Os caminhos podiam esperá-lo, porque
continuariam ali. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">E quando viu, estava absorto. Uma moça dançava lindamente
com outro rapaz. Ambos se olhavam e se tocavam, em movimentos, de forma a
demonstrar o grande amor. “Estão apaixonados?” O gaúcho perguntou para o homem
ao seu lado. O vizinho disse que apenas se tratava de arte. Arte? Ora, não
conhecia bem esse termo. Para ele a vida se resumia à força interior. A beleza
estava reservada para os campos e não humanos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">“Eu posso dançar?” Perguntou, animado. “Fique à vontade.”
O outro respondeu, com a mesma antipatia antes dirigida pelo gaúcho ao garçom.
O guardião, então, levantou-se e resolveu puxar uma daquelas moças. Foi um
tremendo desastre. Alguns lhes apontavam, riam, embora eles não lá
percebessem, por estarem ocupados demais com a companhia um do outro. E ao fim
do ritmo animado, o gaúcho sorriu e pensou que levaria aquela música para
sempre no coração.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Vez ou outra, quando o vento lhe tocava a face fortemente
em suas viagens a cavalo, sentia uma liberdade tão grande... Mas nada é tão
livre quanto o movimentar dos pés ao som de uma melodia. Ele sabia disso, por se lembrar da dança ao olhar para as árvores que balançavam.<o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-79936740792419304832013-09-23T17:48:00.002-07:002013-09-23T18:26:40.963-07:00Antígua e Barbuda: Sonho de praia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.lagoinha.com/lagoinha-wp-site/wp-content/uploads/2012/10/antiguaebarbuda.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://www.lagoinha.com/lagoinha-wp-site/wp-content/uploads/2012/10/antiguaebarbuda.gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Ela vivia no ritmo do aço. Pois se
pegava balançando a cabeça, vez ou outra, na melodia da banda de ferro que vinha
lá dos tempos antigos. Terra com mistura de Europa, Caribe e África. Foram
colonizados, mas aquele povo todo negro ainda tinha o charme cultural das
terras da savana. Viviam alegres com o seus tambores prateados, cadência de
vento e sol; infinidade de combinações de praias e arranjos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Pois a moça morava na terra da lua.
Vez ou outra chegava à praia e se lembrava de seu irmão dizendo, apaixonado,
que veria todas os mares do mundo. “São muitos.” Ela retrucava. “Só aqui nós
temos 365”. E o rapaz, rindo, alegou que então era melhor começar logo. Pegou
uma mochila, colocou umas roupas leves e se viu despedindo da família que não
entendeu foi nada. “Eu tenho sonho de azul e branco.” Dizia, porque achava
incrível a combinação da areia com a água. E foi, a irmã nunca mais ouviu falar
dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Ela colocou na cabeça que também
queria conhecer tudo aquilo. Via a água bem à sua frente e sentia uma vontade
louca de entrar nela, o corpo todo inundado, a mente encharcada de gotas.
Veria, assim, a transparência do universo. E tinha coragem? A ideia ficava toda
na poesia do viver no país mais bonito da vida. Não conhecia os outros, mas
também nem sentia necessidade. Acreditava no que os olhos falavam pra ela. E eles afirmavam: Não existe terra de beleza maior.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Um dia inventou que queria
uma praia com o nome dela. Tomaria os rumos do irmão. Seguindo as estrelas,
descalça, iria se casar com o vento e junto a ele ver todas as 365 praias de seu
país na lua de mel. Uma delas jamais teria visto o rosto de alguém. E assim, ela chamaria a praia de Tammy, o seu nome, e ajoelharia na areia para rezar pelo
irmão. Depois, escreveria o nome dos dois, próximo ao mar, e as ondas os
apagariam. A areia poderia se esquecer deles, mas as águas os levariam numa
viagem para sempre.<o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-47304488785657529132013-09-18T11:25:00.002-07:002013-09-25T20:11:26.641-07:00Angola: Kizomba<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://lusoleituras.files.wordpress.com/2009/10/angola_bandeira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://lusoleituras.files.wordpress.com/2009/10/angola_bandeira.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Do grito da liberdade africano,
nasce o tambor, a música, a dança. Movem-se como quem não se importa com o que os
espera. Num passo de esperança, abraçam-se e vão junto à música: um ir-se
lento, sensual, a união que surge na pista e vai indo assim, até o fim da
melodia. Mas haverá sempre outro início nessa kizombada que poderia ser eterna.
Os angolanos dançam para viver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Num português tão bonito, os músicos
cantam e os todos vão junto a eles, numa mistura de diversão e arte: uns
aplaudem, outros dançam. Homem e mulher ao centro, sincronia tão singela quanto o céu e nuvem. Combinar sereno que arranca o sorriso dele, dela, duns tantos
que se encontram lá naquela mistura de amor e liberdade. Ah, mas move logo
esses pés, acompanha com palmas, vem junto a nós, cabe sempre outro, precisamos
sempre doutro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Pois não é que quando a festa
acabou, resolveram sair dali para uma praia de Luanda. As luzes da cidade ainda
estavam acesas e tudo se encontrava em um intenso silêncio: “pede música isso aqui”.
O rapaz disse, enquanto cantarolava o ritmo de um semba, dança típica angolana.
A moça riu e ele lhe estendeu a mão. “A noite ainda não acabou”. Resolveu
dizer, enquanto a puxava para si e iniciava, sob o seu comando musical, a
coreografia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Juntos, dançaram de olhos fechados, guiados pelo combinar
do silêncio com o canto. As ondas lhes molhavam os pés e, descalços,
deixavam-se seguir ao ritmo do ir e vir das ondas. Até que, enfim, a lua deu
lugar ao sol e eles resolveram se sentar sobre a areia para admirar o nascer daquele
que tinha sempre o prazer de um novo recomeçar.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Dormiram sobre grãos e sonharam com a música das
estrelas. A noite sempre lhes reservava os mais lindos tambores.<o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-72111688896237493312013-09-17T17:11:00.001-07:002013-09-17T17:22:54.884-07:00Andorra: Junto ao vento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://img688.imageshack.us/img688/8725/andorranflag.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="http://img688.imageshack.us/img688/8725/andorranflag.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> <i>Eu
sou o senhor de mim. </i>Pensava, quando inventava de descer montanhas abaixo,
neve voava com o movimento, vento frio me atingia a face, os braços, o corpo...
Quando via, já fugia para bem longe de onde antes estava. Gritava, mas o som
desaparecia com a alta velocidade e o rufar da brisa forte. Céu cinza, montes
irregulares, árvores quase negras, uma paisagem com a beleza de gelo. Tudo
aquilo passando em uma velocidade irreal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Eu sentia medo de não conseguir desviar de todos os obstáculos
e de repente sair caindo e caindo... Despencaria até virar grande bola de neve,
viajaria por todos aqueles montes, capturando os outros atletas, as árvores, os
flocos... Viraríamos uma coisa só, um enorme emaranhado branco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Imaginava todas essas possibilidades, concentrava-me,
arrepiava-me, aterrorizava-me. Distâncias pequenas que nos salvam do tombo, da
morte. Desafio que nasce lá do alto, quando olhamos para baixo e nos deixamos
levar. Duas grandes pranchas em nossos pés, a sensação de que o mundo precisa
sentir o mesmo que nós. Essa adrenalina. Somos rápidos como o vento.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Quando acaba, o coração já foi embora de nós pela boca,
deve ter ficado no meio do caminho. Mas ele logo retorna, porque também sabe
esquiar. Vai descendo lento, enquanto se acalma. E quando nos encontramos,
subimos de novo, porque não sabemos mais o que fazer. Esquiar é abraçar o vento e nunca querer se soltar dele. Por isso nós não conseguimos nos afastar
desse monte de neve. Vamos indo e indo. Descemos até não haver mais para onde
ir. <o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-5298764569159781982013-09-15T19:20:00.000-07:002013-09-15T19:54:06.798-07:00Argélia: Ser Bedouin<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.mundodosvistos.com.br/bandeiras/bandeira-argelia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://www.mundodosvistos.com.br/bandeiras/bandeira-argelia.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18px;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Entre
um mar de grãos, viajavam sobre camelos. Caminhos extensos, água rara e amor
pela vida. Os Bedouin viviam e aprendiam pela natureza. Acampavam, comiam,
conversavam, riam. Com a sua família, amavam-se e não se sentiam sozinhos, por
terem a companhia do sol e das outras estrelas. Guiavam-se por eles: horários
medidos pela posição dos astros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Mistura de laranja, vermelho e
areia. Um espetáculo de visões. Luzes em posições diferentes faziam a paisagem
ora uma, ora outra. E ao entardecer, acendiam fogueiras para cozinharem. Mas
quando surgia um pretexto para festejar, dançavam e cantavam em sua língua ao redor do fogo.
Aquela cultura viva no meio de um nada tudo. Toneladas de belezas avulsas ao
outro mundo que as temiam. Fúria de um calor intenso dominada por nômades raros
em um século XXI.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> “Não existe lugar como o nosso lar”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> A casa deles se estendia para além
dos outros e da compreensão do humano. Transcendental ao estilo de vida urbano.
Não se fixam, mas tampouco se desapegam de valores. São unidos e vão em
busca de um viver diferente e comum a eles. São pessoas raras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Roupas leves que cobrem da cabeça
aos pés. As mulheres atuam como verdadeiros mantos vivos coloridos, panos que se movem
na presença de um vento intenso. Andam em dança, por conta da brisa que chega e
ameaça levá-las. Não se vão. Vivem e cuidam dos filhos pequenos que brincam de
formas improvisadas. Eles sabem inventar e se adaptam ao deserto. A escola deles é
esse mundo de fogo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Ser Bedouin é amar a um mar de areia
e se unir a ele. Sabem tirar da região a água que precisam, por entendê-la. O
deserto também os entende.<o:p></o:p></span></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-18461417285408830452013-09-12T14:52:00.001-07:002013-09-15T19:53:46.039-07:00Albânia: Marshallah, Marshallah<div style="text-align: center;">
<img height="265" src="http://images.clipartlogo.com/files/images/42/427788/flag-kingdom-of-albania-clip-art_f.jpg" width="400" /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O sol, a grama, as árvores e o grande lago. As
montanhas reservavam uma paisagem mística, que parecia comprovar todas as
superstições daquele povo. Com crenças diversas, os albaneses se guiavam por
estrelas, lendas e religiões. Os dois irmãos não eram diferentes. Saíam para
caçar em todas as manhãs, já preparados para a longa caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Conversavam daquele jeito que adolescentes fazem.
Falavam sobre a menina desejada, a mesma que os ignoravam. Mas ainda assim
fantasiavam sobre as possibilidades. “E então, você vai falar com ela?” No
pequeno vilarejo, as possibilidades de entretenimento não eram lá relevantes,
contrastavam com as opções das cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Quando voltavam, ao anoitecer, por vezes encontravam
com outros que também retornavam de seus afazeres. “Marshallah, Marshallah.”
Todos diziam. Os irmãos com os animais capturados, os outros, com as suas
posses. Colocavam as mãos na frente dos olhos e repetiam as duas palavras, que serviam
para livrar a todos do olho maldito. E ao chegarem em casa, um brinquedo de
pelúcia já os aguardava do lado de fora, pregado próximo à porta. Pelas
tradições, o objeto os livraria de todo o mal trazido pelo olho. Era comum
encontrar brinquedos do lado de fora das casas dos albanianos. Fosse a pessoa
católica ou muçulmana: acreditaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A chuva fraca não serviu de pretexto para que
ficassem em casa ao amanhecer. Calçaram as botas e saíram animados, antes que o
sol pudesse correr mais um pouco para sair. Ao apontarem no topo da montanha,
viram a paisagem mais preciosa que conheciam: Albânia acordando. Era um espetáculo
incrível, a mistura de cores no céu, assim como o verde sem fim. O país era
desses que tinha uma natureza maravilhosa, mas que também reservava cidades com
muitas belezas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pois antes que pudessem fazer qualquer comentário,
veio a surpresa: Uma criatura voadora apareceu bem diante de seus olhos e
brilhava tanto, que competia com o amanhecer. A coloração azul clara parecia
ofuscar todo o alaranjado trazido pelos raios. Seus cabelos eram enormes, e
flutuavam, assim como todo o pequeno corpo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Adnan e Luan...”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Disse, chamando-os pelo nome e fazendo com que um
deles derrubasse a arma de caça sem querer, tamanho foi o susto causado. Quem
seria ela? Perguntavam-se. Mas o que queriam saber mesmo era como aquele ser os
conhecia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Eu sou uma fada e quero os dois.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O mais velho, Adnan, apaixonado, não podia dividir
a glória com o irmão e desafiou-a a escolher um dos dois. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Ora... Escolho um pela bravura e o outro pela
beleza.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não satisfeito, Adnan pegou a sua arma e atirou em
seu irmão, não pensando direito no que fazia. Sabia que Luan era o mais bonito
de todos, por ser o adorado da família. Não podia dividi-la, aquela fada era a
criatura mais encantadora que já vira na vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Pois agora você só tem aquele que possui a
bravura.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Resolveu levar a fada para casa, ainda encantado
com o brilho tão espetacular e a voz doce que possuía. Ao chegar, a mãe
estranhou o ser e ao contrário dos dois irmãos, não se impressionou
com qualquer das características da criatura. “Onde está Luan?” Foi a pergunta
que fez, enquanto Adnan ficava quieto, sem saber o que dizer. A mãe, percebendo
o que acontecera, amaldiçoou a fada e às montanhas para todo o sempre. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As montanhas dos Balcãs agora permanecem
indecifráveis. Misteriosas, são por vezes exploradas pelos mais corajosos
aventureiros. Alguns vez ou outra chegam a avistar um brilho azul, mas jamais estiveram perto o suficiente para saber do que se tratava. <o:p></o:p></span></div>
</div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8560021587113580400.post-49783469576379565822013-09-11T21:39:00.002-07:002013-09-15T19:53:57.149-07:00Afeganistão: Eu sou Hazara<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<img height="240" src="http://www.biblioteca.ifc-camboriu.edu.br/criacac/tiki-download_file.php?fileId=452&display" width="400" /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Mamãe costumava dizer que não
devíamos cruzar a estrada de Alamdar de jeito algum. Eu às vezes olhava para o
horizonte e sentia uma vontade imensa de viajar. Ouvia as histórias de meu pai
sobre Quetta, a cidade onde antes morava, e imaginava um mundo diferente do que
o meu. Muito mais bonito. Gosto de estudar, mas minha mãe prefere me manter em
casa por medo. “Você é importante demais para mim.” Dizia. E por livros velhos,
me ensinava as coisas mais básicas, embora o que eu desejasse mesmo era brincar
com as outras crianças. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Por estar longe de muita coisa,
vivia perguntando a meu pai sobre tudo. Ele às vezes ficava sentado do lado de
fora de casa, encarando o horizonte. Os vizinhos o cumprimentavam, ele
respondia, mas logo depois voltava a fumar e a contemplar o que eu não sabia. Parecia
estar em outro lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Quando fiz quinze anos, meu pai
colocou outra cadeira ao seu lado e me chamou. Estranhei, mas achei aquilo
muito incrível. Por mais que tentasse entendê-lo, éramos diferentes, parecíamos
dois estrangeiros. Eu, com o meu mundo, ele, com o dele, muito mais complexo e
misterioso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> “Karim, eu tenho que te contar uma
coisa.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">O cemitério Hazara é o mais bonito do mundo. Nunca vi os
outros, mas na primeira vez que pisei naquele lugar, senti uma pontada de
esperança misturada com angústia. Nos povos em que tudo é perfeito, deve ser
diferente, mas não sei como. O nosso é mais mágico, tenho certeza. Em cima de
cada túmulo, há uma bandeira colorida, uma mensagem e uma foto. Meu tio
carregava um semblante pacífico, inocente. Jovem, tinha uma aparência muito
diferente do meu pai e muito parecida com a minha. Coloquei os meus dedos sobre o
rosto dele e senti saudade, mesmo sem nunca o ter conhecido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> “Levou nove tiros, o primeiro deles
bem no coração.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Para sermos Hazara, temos que ter
coragem. Com uma pontada de fé, saudade e força, nós vivemos. Meu tio foi
desses que, mesmo com medo, trabalhava e tocava a vida. Meu pai e minha mãe
também são, assim como os nossos vizinhos e os que eu não conheço. Ficamos
aterrorizados, com medo da morte dos terroristas que nos odeiam. Mas também
temos esperança. Quem sabe a paz não chega?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;"> Às vezes eu vou ao cemitério e fico
olhando as pessoas rezando. Muitas choram, mas há também aquelas que conversam
e acabam sorrindo. A felicidade está em todos os lugares. Aqui também. <o:p></o:p></span><br />
<br /></div>
Bella Fowlhttp://www.blogger.com/profile/16541441482681474801noreply@blogger.com0