quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Angola: Kizomba


            Do grito da liberdade africano, nasce o tambor, a música, a dança. Movem-se como quem não se importa com o que os espera. Num passo de esperança, abraçam-se e vão junto à música: um ir-se lento, sensual, a união que surge na pista e vai indo assim, até o fim da melodia. Mas haverá sempre outro início nessa kizombada que poderia ser eterna. Os angolanos dançam para viver.
            Num português tão bonito, os músicos cantam e os todos vão junto a eles, numa mistura de diversão e arte: uns aplaudem, outros dançam. Homem e mulher ao centro, sincronia tão singela quanto o céu e nuvem. Combinar sereno que arranca o sorriso dele, dela, duns tantos que se encontram lá naquela mistura de amor e liberdade. Ah, mas move logo esses pés, acompanha com palmas, vem junto a nós, cabe sempre outro, precisamos sempre doutro.
            Pois não é que quando a festa acabou, resolveram sair dali para uma praia de Luanda. As luzes da cidade ainda estavam acesas e tudo se encontrava em um intenso silêncio: “pede música isso aqui”. O rapaz disse, enquanto cantarolava o ritmo de um semba, dança típica angolana. A moça riu e ele lhe estendeu a mão. “A noite ainda não acabou”. Resolveu dizer, enquanto a puxava para si e iniciava, sob o seu comando musical, a coreografia.
Juntos, dançaram de olhos fechados, guiados pelo combinar do silêncio com o canto. As ondas lhes molhavam os pés e, descalços, deixavam-se seguir ao ritmo do ir e vir das ondas. Até que, enfim, a lua deu lugar ao sol e eles resolveram se sentar sobre a areia para admirar o nascer daquele que tinha sempre o prazer de um novo recomeçar.

Dormiram sobre grãos e sonharam com a música das estrelas. A noite sempre lhes reservava os mais lindos tambores.

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